JUSTIFICATIVA:
É fato constatado que a maioria de nós desconhece como se dá a
construção da identidade e da autoestima. Quando nos referimos às
crianças pequenininhas, o desconhecimento é maior ainda. Por que a
preocupação com as crianças “pequenininhas”? É porque
acontecem muitos equívocos em relação ao que acreditamos que elas
consigam entender sobre o que adultos fazem, sentem e dizem.
Geralmente a crença percorre a ideia de criança pequenininha como
inocente, boba, surda e insensível ao entorno e é por conta dessa
crença que acontece o engano e consequentemente a escolha de
palavras e atitudes que resultam muito mais no oposto do que
desejamos alcançar.
A
professora Suely Mello, em palestra (Indaial, abril/2015) tratou
desse aspecto de modo bastante claro. Disse ela que a construção da
identidade e da autoestima das crianças pequenininhas passa pelo
respeito que demonstramos quando nos dirigimos a ela, nas frases que
dizemos, na consideração de que as crianças precisam ficar sabendo
do que vai acontecer no momento seguinte e na certeza de que elas são
perfeitamente capazes de identificar se as consideramos sujeitos de
seu processo educativo e não objeto.
Suely
Mello também diz que enquanto nós, professoras, estamos ocupadas em
encontrar o que ensinar às crianças, elas estão ocupadas com a
formação das funções psicológicas superiores, isto é, com a
formação da imaginação, da memória, com a formação da
capacidade de resolver problemas, com o exercício do controle da
vontade, com a construção da convivência de forma negociada, com a
construção das diversas linguagens: escrita, plástica, matemática,
visual...
Observando-me
entre as crianças e as suas manifestações cotidianas, percebi que
minhas atitudes constroem ou retardam a formação da inteligência e
da personalidade delas. Comecei a perceber que aos poucos estão
ouvindo a minha voz. Que minha voz ecoa de forma positiva, ainda que
hajam momentos muito tensos nos quais minha voz some, desaparece e,
se não me mantiver serena, a voz da bruxa aparece. Aquela que tende
a depreciar, a rotular, a descuidar dos comentários, a subestimar a
capacidade das crianças perceberem que adultos cometem equívocos e
equívocos.
Estou
me referindo às minúcias do cotidiano, entre a chegada e a ida ao
refeitório, entre uma troca e outra de fraldas, durante as
brincadeiras no parque e na sala, nos momentos em que a história
ainda não começou, durante a escovação de dente, durante o
diálogo da escolha das músicas que cantaremos, na negociação
entre a posse do brinquedo, na hora de tomar suco e água, na saída
da mesa do refeitório. Todos aqueles momentos invisíveis, de
mensagens coletivas e individuais, onde deixamos a língua tomar o
controle ou do descontrole da situação. Esses momentos
invisibilizados, geralmente pela rotina, pelo cotidiano não
refletido, no automatismo que vai caracterizando a profissão, no
cansaço diário pelo desgaste físico e emocional. Talvez esse
planejamento seja uma reflexão sobre a revalorização daquilo que
some nas frestas do fazer sem pensar, do dizer sem consequências.
Talvez seja preciso buscar nesses momentos razão e ânimo para um
fazer mais consciente, haja vista que a consciência é uma função
psicológica superior construída através dos outros para ser depois
internalizada por cada um, portanto, aprendida. Talvez tudo isso seja
apenas um grande medo de falhar.
OBJETIVO
GERAL: Valorizar os momentos do cotidiano que geralmente são
desvalorizados e pouco considerados, através de atitudes de respeito
e consideração pelas necessidades das crianças, no intuito de
colaborar na construção da autoestima e da identidade delas.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS:
As
crianças trazem como marca a diferença. A diferença é um dado
certo com o qual vamos ter de lidar. A partir dessa perspectiva, tudo
o que lhes acontece tem um significado ímpar. A família, sobretudo,
educa a sua maneira. Assim, quando as crianças chegam ao Centro de
Educação Infantil, ela já trazem dois aspectos iniciados na
construção de sua personalidade e da autoestima: sua individualidade enquanto ser, sua educação familiar. Precisarei
observar como respeitar e tratá-las a todas como sujeitos de seu
processo de humanização. Para tanto, minha expectativa é que:
- Manifestem
o que lhes agrada, o que lhes desconforta, o que apreciam, o que
lhes causa curiosidade.
- Demonstrem
preferências e aceitem negociar a posse de objetos e brinquedos
como resultado de uma intervenção respeitosa.
- Interessem-se
pelas diferentes linguagens e se expressem dançando, fazendo
garatujas, contando aspectos das histórias e dos diálogos com as
professoras.
- Expressem-se
por atitudes de cuidado, respeito, carinho ou o que for possível
construir nesse momento de suas vidas.
- AÇÕES PEDAGÓGICAS:
-
Cumprimentar sorrindo as crianças todas as manhãs, dando-lhes a mão e um abraço.
-
Conversar com elas, sentando no chão e ouvindo e vendo em que clima está o grupo naquele momento.
-
Perguntar se estão bem, se estão todas com saúde e o que faremos naquele momento juntos.
-
Avisá-las da proximidade do lanche matutino, apontando o relógio e mencionando em que horário ocorrerá.
-
Convidá-las a arrumar a sala, comentando o lugar dos livros na prateleira, das bonecas e outros pertences.
-
Incentivar as crianças na arrumação da sala, justificando a importância da sua ajuda e agradecendo a cada um dos gestos.
-
Orientar a ida ao refeitório de modo calmo e sem atropelos.
-
Fazer comentários positivos sobre os alimentos, inclusive, falando de suas características e nome correto.
-
Explicar que após o lanche todos vão se dirigir ao banheiro para realizar a escovação de dente.
-
Comentar o porquê da escovação de dente, incluindo os personagens jacaré e sapo para justificar a boca grande e a escovação da língua.
-
Antes da escovação, na entrega das escovas, pronunciar o nome completo das crianças paulatinamente, até que isso seja familiar.
-
Explicar que brincaremos no parque e nesse local observar, intervir e conversar com as crianças individualmente, oferecendo-me a brincar com aquelas que demorarem a encontrar uma brincadeira interessante.
-
Avisar com respeito que o nariz está escorrendo e que as professoras vão limpar.
-
Comunicar a troca de fraldas e dizer como é bom ter a fralda limpinha. Chamar a criança pelo nome e esperar que ela venha ao meu encontro. Caso ela esteja envolvida com um brinquedo e não queira deixá-lo, sugerir que a criança o leve ao trocador pois depois já brincará novamente. Permitir também às crianças que quiserem, levar objetos pequenos ao trocador e conversar a respeito.
-
Durante a troca de fralda dizer à criança o que acontecerá e mostrar a ela quando a fralda tem xixi. Sorrir e elogiar que elas fazem um xixi grande na fralda.
-
Comentar que as mães e os pais mandaram roupas bonitas e fraldas sequinhas para colocar durante o dia.
-
Oferecer à criança possibilidade de escolha entre uma blusa e outra. O mesmo em relação à cor da calça.
-
Perguntar se as crianças querem que a professora conte história e cante ou comunicar que a professora gosta de contar histórias para elas e também cantar.
-
Convidar as crianças a cantar músicas e dizer a elas que algumas músicas tem coreografia.
-
Incentivar as crianças a dividir, ceder, emprestar um objeto e um brinquedo temporariamente.
-
Falar em voz baixa e se solidarizar com as crianças que perderam um brinquedo temporariamente.
-
Valorizar as atitudes das crianças que contribuem para que outra criança possa estar de posse do brinquedo.
-
Negociar os conflitos entre as crianças de modo calmo e tranquilo, para que elas encontrem referência positiva em situações que à primeira vista deviam ser evitadas.
- Avaliação: esse planejamento necessitará ser refletido semanalmente através do registro do acontecido. É a isso que me proponho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário