JUSTIFICATIVA:
Sempre imaginei que histórias fossem importantes para as crianças e
que os livros eram ótimos coadjuvantes na hora de contá-las. Porém,
histórias e livros são uma dobradinha muito mais importante do que
supunha. Os livros, como suportes oriundos da complexa expressão
humana, produzem nas crianças um fascínio incrível (não obstante,
acho que qualquer objeto resultado da evolução humana no processo
de produção da arte e da cultura, cumpra o mesmo papel). Mas os
livros carregam segredos de leitura e interpretação (nas palavras
de Emília Ferreiro, 2005) que os adultos contam e representam para
as crianças.
Pergunto-me
por que as crianças de minha turma brincam com, brigam e disputam
pelos livros? Além dessas manifestações, rasgam, gritam, contam,
manuseiam os livros enquanto houver um ao alcance e à disposição.
Estou a observá-los por esses dias e me ocorre dizer que, nós,
adultos, somos muito, muito importantes para as novas gerações e
que tornar-se ser humano é realmente uma jornada de grande
empreendimento de tentativas e persistência. Os livros são uma
parcela da cultura que necessitam ser oferecidos às crianças
constantemente, num marketing positivo e constante, o que nos afasta
cada vez mais do empreendimento inicial para nossa espécie que se
assemelha ao dos demais animais.
Pego-me
a pensar que não leio histórias, no sentido exato do termo.
Aproveito-me dos livros, das imagens, do seu formato, do meu papel
profissional para fazer do contato com os livros um momento de
encantamento e magia para as crianças. Talvez pela forma que me
entusiasme e fale, as crianças querem acessar as páginas dos livros
e também porque acho que livros são como brinquedos preciosos que
fazem com que as crianças gostem tanto de me acompanhar quando tomo
um livro nas mãos. A minha forma de contar foi sendo moldada pelas
crianças: o tom de voz, a dramaticidade, a escolha das palavras, o
tipo de gesto, a natureza da história e suas imagens, tudo isso
determina se eles vão ou não me ouvir. Começo a achar que há
momentos do dia que se distanciam de todo o resto que fazemos no
berçário II. O momento com os livros é, sobretudo, curto e fugaz.
Mas inigualável. Ainda que uma troca de fralda para uma criança que
acaba de fazer cocô seja mais urgente.
OBJETIVO
GERAL: Colaborar no processo de desenvolvimento das funções
psicológicas superiores (imaginação, memória, atenção,
criatividade) nas crianças, através dos livros, suas imagens e
temas, no intuito de dar continuidade ao processo de humanização.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS: Os livros e as histórias criadas por mim devem
colaborar para que as crianças:
-
Demonstrem interesse, curiosidade e aprendizagem por participar dos momentos de contação de histórias com auxílio dos livros.
-
Manuseiem livros e comentem partes do que lhes concerne e o que foi significativo.
-
Manifestem por pequenas atitudes e semblantes (como por exemplo: adiantar uma ação que acontecerá no enredo, uma vez que algumas histórias são lidas muitas vezes) que as funções psicológicas superiores estão em formação.
AÇÕES
PEDAGÓGICAS:
-
Contar, com ajuda dos suportes (livros) histórias todos os dias, inclusive, em vários momentos distintos.
-
Oferecer livros para que as crianças possam manusear e aprender lidar com esse suporte da cultura.
-
Fazer menção sempre positiva às crianças para desenvolverem atitudes de cuidado e preservação, ainda que isso seja bem difícil no início do contato.
-
Incentivar as crianças na hora da contação que participem falando nome dos personagens, cores, ações que irão suceder, músicas relacionadas.
-
Fazer uso do canto da leitura (quando estiver finalizado) para manusear, sentar no tapete e escolher os suportes de leitura.
-
Introduzir e incluir outros recursos na hora da contação de histórias: fantoche, objetos reais, música, gestos.
AVALIAÇÃO:
Pretendo fazer uma captação de imagens fotográficas e anotar as
reações mais importantes das crianças. A intenção é socializar
entre as crianças e aos pais esse processo da forma como ele se
manifesta e já tem se manifestado. Por fim, observar o que tem sido
recorrente, o que de novo se apresenta e que modificações sugerem
as crianças em minhas atitudes e nas delas. Sei que me surpreenderei
e voltarei a analisar os objetivos que havia na hora dessa
sistematização.
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