quinta-feira, 25 de junho de 2015

Planejamento: O Centro é todo Nosso!!!!!!!!!






Justificativa: Para muitos educadores existe uma divisão e uma hierarquização entre espaços internos e externos. Para os educadores espaços internos são exclusivos para a realização de atividades pedagógicas e os externos para, como diz Horn (2013), diversão e desafogo, o que denota a perspectiva de que os espaços internos são indicados às atividades de aprendizagem e os externos, como recreativos, destituídos de grande valor para a aprendizagem das crianças. Também, para Mello (2002), não deve haver hierarquia entre os espaços. O refeitório onde as crianças comem, o espaço de dormir, a sala de atividades, o corredor, os banheiros, todos os espaços “devem ser igualmente cuidados e todos devem ser tratados educativamente, decorados pelas crianças como espaços de enriquecimento de suas experiências”. Isso envolve uma mudança de concepção em relação ao espaço: a organização e exploração dos ambientes “acontece para estimular e enriquecer a experiência da criança porque acreditamos que ela é competente para aprender”.
Horn e Haddad mostram como os adultos podem desfavorecer a vivência plena da infância quando se mostram insensíveis aos desejos das crianças de explorarem o mundo de forma ampla: 

O confinamento entre as quatro paredes parece ser a realidade vivida por muitas de nossas crianças, fadadas a ver o sol, a sentir o ar, a subir nas árvores em exprimidos intervalos de tempo ou através de janelas estreitas: “Cada vez mais se colocam lajes nos pátios, se encurtam os horários de se estar nesses locais, com a desculpa de que causa ‘transtornos e trabalho’ o fato de as crianças encherem os sapatos com areia, se sujarem com o barro, se molharem com a água e também a crença de que para realmente aprenderem o que a escola tem de ensinar, as atividades com lápis, papel, realizadas em mesas, devem ser as mais importantes” (Horn e Haddad, 2013).

A função do adulto é, portanto, ser o organizador de experiências para garantir que estas respondam às necessidades de aprendizagem e desenvolvimento das crianças. Para Suely Amaral Mello “Não é papel do educador vigiar, cuidar, controlar, fazer pela criança, mas propor atividades atraentes, colocar a criança em condições de agir. Nesse momento, o educador é observador da atividade infantil, leitor das diferentes linguagens que a criança usa para comunicar suas necessidades e companheiro das brincadeiras e das atividades através das quais estabelece uma relação de carinho e cumplicidade com a criança”. Pois é através dessas interações que as crianças produzem a primeira de uma série de culturas de pares nas quais o conhecimento infantil e as práticas são transformadas gradualmente em conhecimento e competências necessárias para participar do mundo adulto.

Em interação com os outros, as crianças constroem-se seres sociais e a isso denomina-se “culturas infantis” (CANAVIEIRA, 2010, p. 31). As culturas infantis (formas de ser, estar, pensar, agir e sentir) específicas da infância, distintas das dos adultos mas interdependentes que são caracterizadas pela brincadeira e pela fantasia.

O brincar é a atividade que permite e garante à criança a apropriação da cultura dos objetos e dos fenômenos pelas relações humanas, e, quando se apropria dos conhecimentos da cultura, torna-se também capaz de produzir cultura (SCHNEIDER, 2004, p.58).

Portanto, um dos lugares que as crianças podem manifestar suas culturas infantis e culturas de pares é a área externa a sala de referência. Ali um grupo heterogêneo de crianças e adultos encontram-se proporcionando interações. Outro motivo é que todos os dias as crianças necessitam estar em contato com a vida ao ar livre, para Suely Amaral Mello a vida no Centro de Educação Infantil prevê que “O banho de sol pela manhã é condição para a saúde das crianças. Por isso, a organização do tempo das crianças até os três anos deve contemplar: o sono, o banho de sol, a alimentação, o banho, e o tempo livre para explorar o espaço externo e interno da creche que deve estar organizado de forma que a criança se sinta atraída pelos materiais e se interesse pelas experiências possíveis de serem vivenciadas com os materiais”.

Para isso acontecer é preciso pensar em privilegiar a exploração e o encantamento pelos diversos espaços do Centro, pois como diria Mello “não há uma hierarquia de espaço: os espaços devem ser caracterizados de acordo com as atividades diferenciadas que ali se desenvolvem”.

Uma forma de religar as crianças com esses espaços, principalmente com a natureza é reinventar as rotinas, organizando tempo para as crianças frequentarem a área externa diariamente. Explorar a utilização dos espaços arborizados, com terreno elevado, pontes, barrancos, tubos, labirintos de toras de madeira, pergolado, entre outras possibilidades e desafios que oportunizam diferentes experiências com a natureza, respeitando as interações e brincadeiras que as crianças estão realizando. Também é preciso considerar se as crianças desejam ficar próximas as educadoras ou não, se desejam passar o dia ali ou explorar outro espaço...

As vezes acreditamos que as crianças precisam passar pouco tempo nesses locais, pois são pequenas e exigem alguns cuidados, mas acabamos descobrindo que o tempo é determinado por elas. Se estiverem interagindo, brincando, explorando não devemos interromper, mesmo que para o adulto pareça ser um longo período. Na Educação Infantil o tempo é uma categoria constitutiva das condições de desenvolvimento e humanização das crianças. Sem tempo não há aprendizagem e consequentemente não há desenvolvimento. Sem tempo exclui-se a vida.

As crianças aprendem em todos os espaços, estão adquirindo suas aptidões, suas habilidades e suas capacidades, portanto é essencial estarem vivenciando as interações e brincadeiras em todos os espaços, para que assim possam apropriar-se da cultura elaborada pela humanidade. Para finalizar, gostaria de parafrasear Vygotsky, que nos faz refletir sobre como a criança aprende, afirmando que o desenvolvimento da inteligência e da personalidade é externamente motivado, ou seja é resultado da aprendizagem e os espaços internos e externos são locais propício à isso.


Objetivo Geral: Incentivar a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e social, ao tempo e a natureza.

Objetivos Específicos:
  • Explorar, brincar e interagir nos diferentes espaços;
  • Interagir e brincar com crianças de outras idades;
  • Explorar os elementos da natureza;
  • Vivenciar interagindo e brincando com autonomia;
  • Escolher os espaços, adultos, crianças e brincadeiras.

Ações Pedagógicas: Todos os dias as crianças irão explorar os diferentes espaços. Irão ao parque, ao solário, a areia, a área coberta, ao refeitório, ao banheiro, a sala de referência de outras crianças, a entrada do Centro, ao estacionamento. As crianças explorarão os espaços o quanto desejarem, podendo circular livremente com autonomia. Elas escolherão do que querem brincar, com quem querem interagir, se querem estar sentadas ou de pé. As educadoras terão papel fundamental na mediação, irão propor as crianças algumas brincadeiras, alguns espaços de descobertas, algumas interações mas elas terão autonomia, liberdade e serão respeitadas em suas escolhas, independentemente se não for confortável aos adultos.

Quando formos ao solário, a área coberta, a entrada levaremos alguns brinquedos para ampliar o repertório de escolhas para as brincadeiras. Também proporcionaremos encontros com diversas idades para privilegiarmos as culturas infantis e de pares.


Objetivos Específicos:
  • Explorar, brincar e interagir nos diferentes espaços;
  • Interagir e brincar com crianças de outras idades;
  • Explorar os elementos da natureza;
  • Vivenciar interagindo e brincando com autonomia;
  • Escolher os espaços, adultos, crianças e brincadeiras.


Ações Pedagógicas: Todos os dias as crianças irão explorar os diferentes espaços. Irão ao parque, ao solário, a areia, a área coberta, ao refeitório, ao banheiro, a sala de referência de outras crianças, a entrada do Centro, ao estacionamento. As crianças explorarão os espaços o quanto desejarem, podendo circular livremente com autonomia. Elas escolherão do que querem brincar, com quem querem interagir, se querem estar sentadas ou de pé. As educadoras terão papel fundamental na mediação, irão propor as crianças algumas brincadeiras, alguns espaços de descobertas, algumas interações mas elas terão autonomia, liberdade e serão respeitadas em suas escolhas, independentemente se não for confortável aos adultos.

Quando formos ao solário, a área coberta, a entrada levaremos alguns brinquedos para ampliar o repertório de escolhas para as brincadeiras. Também proporcionaremos encontros com diversas idades para privilegiarmos as culturas infantis e de pares.


Referências:

VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores, organização de Michael Cole et al. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

VIGOTSKI, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone: Edusp, 2001.

MELLO, S. A. As linguagens, as armadilhas e a utopia. [on line] Disponível na Internet via www. URL: http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/prog_pdf/prog13_03.pdf . Arquivo capturado em 15 de junho de 2014.

MELLO, S. A. Metodologia da Educação Infantil. [on line] Disponível na Internet via www. URL: http://pedagogiaeinfancia.blogspot.com.br/p/creche.html. Arquivo capturado 08 de setembro de 2014.

MELLO, S. A. Infância e humanização: algumas considerações na perspectiva histórico-cultural. Perspectiva, Florianópolis, v. 25, n. 1, p. 83 – 104, jan./jun. 2007.

MELLO, S. A. Contribuições na educação infantil para a formação do leitor e produtor de textos. Diretrizes Nacionais Pedagógicas para a Educação Infantil, Florianópolis, 2010, p. 43 – 52.

BRASIL, MEC/SEB/COEDI; TIRIBA, L. Crianças da natureza. Brasília: MEC/SEB, 2010h.

CANAVIEIRA, F. O. A educação infantil no olho do furação: o movimento político e as contribuições da sociologia da infância. (Dissertação de Mestrado), Campinas, SP: Unicamp, 2010.


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