quarta-feira, 24 de junho de 2015

PLANEJAMENTO : A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE E DA AUTOESTIMA NAS MINÚCIAS DO COTIDIANO

JUSTIFICATIVA: É fato constatado que a maioria de nós desconhece como se dá a construção da identidade e da autoestima. Quando nos referimos às crianças pequenininhas, o desconhecimento é maior ainda. Por que a preocupação com as crianças “pequenininhas”? É porque acontecem muitos equívocos em relação ao que acreditamos que elas consigam entender sobre o que adultos fazem, sentem e dizem. Geralmente a crença percorre a ideia de criança pequenininha como inocente, boba, surda e insensível ao entorno e é por conta dessa crença que acontece o engano e consequentemente a escolha de palavras e atitudes que resultam muito mais no oposto do que desejamos alcançar.

A professora Suely Mello, em palestra (Indaial, abril/2015) tratou desse aspecto de modo bastante claro. Disse ela que a construção da identidade e da autoestima das crianças pequenininhas passa pelo respeito que demonstramos quando nos dirigimos a ela, nas frases que dizemos, na consideração de que as crianças precisam ficar sabendo do que vai acontecer no momento seguinte e na certeza de que elas são perfeitamente capazes de identificar se as consideramos sujeitos de seu processo educativo e não objeto.

Suely Mello também diz que enquanto nós, professoras, estamos ocupadas em encontrar o que ensinar às crianças, elas estão ocupadas com a formação das funções psicológicas superiores, isto é, com a formação da imaginação, da memória, com a formação da capacidade de resolver problemas, com o exercício do controle da vontade, com a construção da convivência de forma negociada, com a construção das diversas linguagens: escrita, plástica, matemática, visual...

Observando-me entre as crianças e as suas manifestações cotidianas, percebi que minhas atitudes constroem ou retardam a formação da inteligência e da personalidade delas. Comecei a perceber que aos poucos estão ouvindo a minha voz. Que minha voz ecoa de forma positiva, ainda que hajam momentos muito tensos nos quais minha voz some, desaparece e, se não me mantiver serena, a voz da bruxa aparece. Aquela que tende a depreciar, a rotular, a descuidar dos comentários, a subestimar a capacidade das crianças perceberem que adultos cometem equívocos e equívocos.

Estou me referindo às minúcias do cotidiano, entre a chegada e a ida ao refeitório, entre uma troca e outra de fraldas, durante as brincadeiras no parque e na sala, nos momentos em que a história ainda não começou, durante a escovação de dente, durante o diálogo da escolha das músicas que cantaremos, na negociação entre a posse do brinquedo, na hora de tomar suco e água, na saída da mesa do refeitório. Todos aqueles momentos invisíveis, de mensagens coletivas e individuais, onde deixamos a língua tomar o controle ou do descontrole da situação. Esses momentos invisibilizados, geralmente pela rotina, pelo cotidiano não refletido, no automatismo que vai caracterizando a profissão, no cansaço diário pelo desgaste físico e emocional. Talvez esse planejamento seja uma reflexão sobre a revalorização daquilo que some nas frestas do fazer sem pensar, do dizer sem consequências. Talvez seja preciso buscar nesses momentos razão e ânimo para um fazer mais consciente, haja vista que a consciência é uma função psicológica superior construída através dos outros para ser depois internalizada por cada um, portanto, aprendida. Talvez tudo isso seja apenas um grande medo de falhar.

OBJETIVO GERAL: Valorizar os momentos do cotidiano que geralmente são desvalorizados e pouco considerados, através de atitudes de respeito e consideração pelas necessidades das crianças, no intuito de colaborar na construção da autoestima e da identidade delas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
As crianças trazem como marca a diferença. A diferença é um dado certo com o qual vamos ter de lidar. A partir dessa perspectiva, tudo o que lhes acontece tem um significado ímpar. A família, sobretudo, educa a sua maneira. Assim, quando as crianças chegam ao Centro de Educação Infantil, ela já trazem dois aspectos iniciados na construção de sua personalidade e da autoestima: sua individualidade enquanto ser, sua educação familiar. Precisarei observar como respeitar e tratá-las a todas como sujeitos de seu processo de humanização. Para tanto, minha expectativa é que:
Manifestem o que lhes agrada, o que lhes desconforta, o que apreciam, o que lhes causa curiosidade.
- Demonstrem preferências e aceitem negociar a posse de objetos e brinquedos como resultado de uma intervenção respeitosa.
- Interessem-se pelas diferentes linguagens e se expressem dançando, fazendo garatujas, contando aspectos das histórias e dos diálogos com as professoras.
- Expressem-se por atitudes de cuidado, respeito, carinho ou o que for possível construir nesse momento de suas vidas. 

  • AÇÕES PEDAGÓGICAS:
  • Cumprimentar sorrindo as crianças todas as manhãs, dando-lhes a mão e um abraço.
  • Conversar com elas, sentando no chão e ouvindo e vendo em que clima está o grupo naquele momento.
  • Perguntar se estão bem, se estão todas com saúde e o que faremos naquele momento juntos.
  • Avisá-las da proximidade do lanche matutino, apontando o relógio e mencionando em que horário ocorrerá.
  • Convidá-las a arrumar a sala, comentando o lugar dos livros na prateleira, das bonecas e outros pertences.
  • Incentivar as crianças na arrumação da sala, justificando a importância da sua ajuda e agradecendo a cada um dos gestos.
  • Orientar a ida ao refeitório de modo calmo e sem atropelos.
  • Fazer comentários positivos sobre os alimentos, inclusive, falando de suas características e nome correto.
  • Explicar que após o lanche todos vão se dirigir ao banheiro para realizar a escovação de dente.
  • Comentar o porquê da escovação de dente, incluindo os personagens jacaré e sapo para justificar a boca grande e a escovação da língua.
  • Antes da escovação, na entrega das escovas, pronunciar o nome completo das crianças paulatinamente, até que isso seja familiar.
  • Explicar que brincaremos no parque e nesse local observar, intervir e conversar com as crianças individualmente, oferecendo-me a brincar com aquelas que demorarem a encontrar uma brincadeira interessante.
  • Avisar com respeito que o nariz está escorrendo e que as professoras vão limpar.
  • Comunicar a troca de fraldas e dizer como é bom ter a fralda limpinha. Chamar a criança pelo nome e esperar que ela venha ao meu encontro. Caso ela esteja envolvida com um brinquedo e não queira deixá-lo, sugerir que a criança o leve ao trocador pois depois já brincará novamente. Permitir também às crianças que quiserem, levar objetos pequenos ao trocador e conversar a respeito.
  • Durante a troca de fralda dizer à criança o que acontecerá e mostrar a ela quando a fralda tem xixi. Sorrir e elogiar que elas fazem um xixi grande na fralda.
  • Comentar que as mães e os pais mandaram roupas bonitas e fraldas sequinhas para colocar durante o dia.
  • Oferecer à criança possibilidade de escolha entre uma blusa e outra. O mesmo em relação à cor da calça.
  • Perguntar se as crianças querem que a professora conte história e cante ou comunicar que a professora gosta de contar histórias para elas e também cantar.
  • Convidar as crianças a cantar músicas e dizer a elas que algumas músicas tem coreografia.
  • Incentivar as crianças a dividir, ceder, emprestar um objeto e um brinquedo temporariamente.
  • Falar em voz baixa e se solidarizar com as crianças que perderam um brinquedo temporariamente.
  • Valorizar as atitudes das crianças que contribuem para que outra criança possa estar de posse do brinquedo.
  • Negociar os conflitos entre as crianças de modo calmo e tranquilo, para que elas encontrem referência positiva em situações que à primeira vista deviam ser evitadas.
  • Avaliação: esse planejamento necessitará ser refletido semanalmente através do registro do acontecido. É a isso que me proponho.

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